sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Braga

Por Filipa Rodrigues...
Por Imagem  @Alexandre Ribeiro

Diz-se que é uma das cidades mais jovens da Europa, não tivesse sido a Capital Europeia da Juventude em 2012; diz-se que é uma cidade onde a religião está bem presente, mas eu prefiro dizer que é um lugar cheio de História e histórias para contar; diz-se que trocamos o "b" pelo "v", mas é talvez isso que torna o nosso característico sotaque ainda mais especial.


Braga é a minha cidade, foi aqui que nasci e é aqui que orgulhosamente vivo. Para mim, é a cidade mais bonita do país, mas compreendo e aceito que me digam que me faltará a imparcialidade para fazer esta observação.

Braga é a cidade do barroco, é uma cidade de pessoas acolhedoras, de fortes costumes e convicções. Os bracarenses são pessoas afáveis, simpáticas e sempre prontas a ajudar. Um pedido de informação em Braga, resulta algumas vezes num simpático "eu vou lá consigo e digo-lhe onde fica"... o meu pai já o fez algumas vezes. J


Este poderia ser o post mais longo do Sweet, mas quero deixar-vos apenas algumas recomendações, pois a cidade não é grande e sabe muito bem descobrir os nossos próprios recantos. Vamos a isto?

O que fazer em Braga? 
Antes de avançar com grandes explicações, quero dizer que a melhor forma de conhecer a cidade é a pé. Apenas o Bom Jesus e o Sameiro ficam fora do centro da cidade, sendo indicado apanhar um autocarro para lá chegar. Se tiverem sapatilhas e algum tempo disponível podem fazer o percurso a pé, mas aviso desde já que demora um pouco e a subida cansa assim só um bocadinho... J

Era através do Arco da Porta Nova, a nova porta da muralha de Braga que data do início do século XVI e mandada construir pelo arcebispo D. Diogo de Sousa, que se entrava na cidade. É também por lá que vamos começar a nossa visita guiada. Conhecem a pergunta retórica "És de Braga?" quando alguém deixa uma porta aberta? Pois é... remonta precisamente a esse período histórico, quando a muralha da nossa cidade foi uma das primeiras a ter uma "porta" que permanecia sempre aberta.

Arco da Porta Aberta
Imediatamente antes do conhecido arco fica o Museu da Imagem, um espaço cultural dedicado à fotografia e que merece bem uma visita. A entrada é gratuita. Também muito próximo fica o Museu dos Biscainhos

A partir do Arco, podemos caminhar pela rua do Souto e compreender a dimensão que assume a religião católica na cidade. É nesta rua que se situava a internacionalmente conhecia Barbearia Matos, e a ainda em funcionamento Chapelaria Machado, uma loja de chapéus e outros acessórios com muitos anos de existência. Era aqui que eu costumava carinhosamente comprar as boinas para oferecer ao meu avô. 

Ainda na rua do Souto, podem encontrar a loja "Bananeiro", um ponto de paragem obrigatório. "O Baneneiro", como lhe chamamos por cá, todos os anos, por altura do Natal, é invadido por centenas bracarenses (e não só!) que se reúnem  para beber um copinho de Favaios e comer uma banana. Como a tradição já não é o que era, poucas bananas se comem e muitos litros de álcool se bebem... J

Só para terem uma ideia de como fica "o Bananeiro" na noite de 24 de dezembro (imagem aqui)

Já no coração da cidade, na Avenida Central (ou simplesmente na Avenida), fica o chafariz mais conhecido em Braga, onde na época natalícia é montada uma bela árvore com luzes azuis. Mesmo ao lado do chafariz podem encontrar a Arcada, um ponto de encontro para muitos bracarenses e também um local onde ainda hoje é possível engraxar os sapatos à moda antiga ou comprar o jornal num quiosque que, para mim, existe desde sempre. É também aqui que se situa o Café Vianna, que abriu em 1871. Foi neste café que conheci o meu C!


Avenida Central, @Alexandre Ribeiro

Desde a Avenida Central, podem caminhar até ao Largo da Senhora A Branca, local onde recomendo uma paragem pelo estaleiro cultural Velha a Branca para tomar um café ou, se tiverem sorte, participarem numa conversa "no tanque" - em que o orador fala literalmente desde o interior de um tanque para a plateia que o escuta atentamente num acolhedor terraço. Um espaço muito interessante e que vale a pena conhecer. 


Descendo a Avenida da Liberdade, desde o chafariz, encontram o Theatro Circo, um magnífico local dedicado ao teatro, cinema, eventos musicais e outros acontecimentos culturais. É aqui que é apresentado o Fast Forward, um evento onde as pessoas se organizam em grupos e, mediante um tema específico, têm 24h para produzir uma curta (cerca de 3 minutos de filme). Penso que este ano não se realizou, com muita pena minha!

Theatro Circo numa tarde amena de domingo
Quantas vezes ouvimos a expressão: "é mais velho do que a Sé de Braga". Pois é, o ex-libris da cidade data de 1093 e reúne vários estilos arquitectónicos. Desde miúda que gosto de passar pela Sé e fascina-me sempre apreciar os sinais de devoção das pessoas, principalmente junto da imagem de S. Judas Tadeu (o santo das "missões impossíveis"). É incrível como podemos encontrar desde figuras de cera ou fotografias, até tranças de cabelo enormes em sinal de agradecimento à graça concedida. 


S. Judas Tadeu
É também na Sé de Braga que podem encontrar um museu cuja visita também recomendo, o Tesouro da Sé.


Sé de Braga
Quando passeio pela cidade no outono, gosto muito de comprar castanhas (nas senhoras que ainda embrulham as ditas num jornal) e sentar-me no Jardim de Santa Bárbara a saborear o outono e apreciar as cores que tornam esta estação do ano tão especial e única. Este belo jardim colorido ganha uma grande vida quando os dias começam a aquecer. É o lugar ideal para parar e descansar um pouco, tirar uma fotografia junto da fonte e caminhar até até à Biblioteca. 
As flores do jardim no outono
A fonte cuja imagem dá nome ao próprio jardim
Depois de uma breve paragem para descanso, aconselho uma passagem pelo Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, o museu de que mais gosto na cidade. Já lá estive umas seis vezes e parece que aprendo sempre alguma coisa quando lá vou. A visita ao museu é gratuita ao domingo até às 14h. 

Aqui podem fazer uma viagem até ao período romano e perceber como se organizava Bracara Augusta. Podem encontrar maquetas de Bracara Augusta onde as termas estão bem definidas - as termas eram locais muito frequentados pelas videntes (hoje chamamos-lhes assim), que ali ouviam histórias que depois faziam de conta advinhar. 
O Museu tem ainda um restaurante onde se pode almoçar diariamente a um preço convidativo. A qualidade da comida é boa e o atendimento muito cuidado. 


O museu e um café com uma vista magnífica sobre a cidade, o Colinatrum. Imagem aqui.
Se pedirmos a uma pessoa que visitou a cidade para nos indicar um ponto de referência em Braga, certamente que vamos ouvir falar do Bom Jesus. 

Bom Jesus

Se querem passar uma tarde diferente e tranquila, o Bom Jesus deve ser um dos locais mais interessantes para conhecer. Repleto de espaços verdes, esplanadas, mesas em pedra para os piqueniques que as famílias portuguesas tanto apreciam... um lago com barcos onde é possível dar uma voltinha e fugir aos menos experientes que tentam de tudo para manter o barquinho de madeira na direção correta. 

No Bom Jesus encontram ainda um binóculo que permite obter uma bela vista da cidade, e dele sai a expressão "ver Braga por um canudo", junto a um miradouro onde os mais apaixonados deixam um cadeado metálico que sela o seu amor. 



Ah! Parem no senhor do cavalinho para tirar uma foto a preto e branco numa daquelas máquinas antigas e instantâneas. Com os anos penso que o cavalo não é o mesmo, mas a máquina responde bem aos velhos tempos. Desde o Bom Jesus a vista da cidade é mesmo muito bonita. 

O pôr do sol desde o Bom Jesus. A vista é maravilhosa desde este ponto. 


A gruta do Bom Jesus, onde os mais crentes deixam moedas e pedem um desejo.  
A esplanada do Bom Jesus

S. Longuinho - diz-se que esteve presente na crucificação de Cristo. Um santo conhecido por ajudar a encontrar objetos perdidos.

Também no Bom Jesus podem dar uma voltinha de cavalo ou, na entrada traseira do parque, comprar um saquinho de tremoços ou doces conventuais para levar para casa. Tenho sempre que falar destas coisas... 

Ah! Se forem de carro, na saída do parque, não de esqueçam de pôr o carro em ponto morto e apreciar a ilusão de ótima que nos faz ver o carro a "andar para trás" :) 

Já que estão aqui, é também muito bonito fazer uma viagem (aconselho de subida) pelo famoso elevador que funciona com um sistema de contrapeso de água. Diz-se que foi o primeiro funicular a ser construído na Península Ibérica (data de 1882). A descida dos escadórios deve ser feita pelos 526 degraus que o constituem, aproveitando para apreciar as várias fontes dos sentidos e capelas que encontram pelo caminho. 


Uma imagem para o elevador
Elevador do Bom Jesus
Mesmo pertinho do Bom Jesus fica o Santuário do Saleiro  Subam até ao zimbório e desfrutem da vista da cidade. 

Santuário do Sameiro. Imagem aqui.
Um pouco distante do centro da cidade (chegar aqui a pé será muito demorado) fica o Mosteiro de Tibães, que também merece uma visita pela sua igreja, para ouvir os cânticos gregorianos, pelos belíssimos jardins da cerca conventual... Situado num local muito tranquilo, este é o lugar ideal para passar uma manhã/tarde diferente em Braga. 


Mosteiro de Tibães
Gastronomia

Eu sei, eu sei, lá vamos nós para a comidinha... é impossível falar da cidade sem apelar às suas tentações gastronómicas. Come-se muito bem em Braga e, comparativamente com outras cidades do país, os preços são em conta.

O que recomendo? 

Restaurante O Jacó - pelo ambiente familiar, pelo simpático atendimento e pela qualidade da cozinha; ao domingo pela época de outono/inverno, servem-se as famosas papas de sarrabulho por aqui. São ótimas! Conjugando todos os fatores, este é o local onde mais gosto de jantar.

Papas de sarrabulho. Créditos fotográficos: Rest. O Jacó (aqui)

Taberna Velhos Tempos - recomendo o bacalhau com migas e o arroz de pato;


D. Elvira - os filetes de polvo são maravilhosos e as entradinhas são uma autêntica tentação. Restaurante que é restaurante tem que ter umas boas entradas e aqui não ficarão desiludidos. Uma particularidade interessante por estes lados é que enquanto jantam/almoçam podem apreciar a vista sobre o rio... lindo!


D. Júlia - Um local mais sofisticado onde tudo parece ter sido feito com o maior cuidado do mundo. Mais uma vez, recomendo o polvo.


Se pretendem um café depois de um bom almoço/jantar, uma paragem pelo café A Brasileira para tomar o conhecido café de saco é quase obrigatória. E para os mais gulosos comerem um cupcake ou um gelado saboroso, a Spirito Cupcakes & Coffee é uma verdadeira perdição. Vejam lá... palavras para quê...?



Imagens de uma amostra do que podem encontrar na Spirito (imagens aqui).
Para uma refeição mais leve e típica, aconselho as famosas Frigideiras do Cantinho, na pastelaria com o mesmo nome. Ah! Os queques da Madeira daqui são ótimos. 

Compras
Na Avenida da Liberdade situam-se algumas das principais lojas da cidade, como a Zara, a H&M, a Bimba e Lola, a Massimo Dutti, a Uterque, entre muitas outras. 


É também muito interessante dedicar algum tempo a explorar as lojas que se situam nas ruas da Sé. A loja A Boneca, que prima pela originalidade das suas peças; a Caxuxa, com marcas exclusivas e com um estilo muito próprio; a Antónia Lage com as peças da Hoss Intropia ou ainda a portuguesa de qualidade Peter Murray. 

Uma voltinha pela Avenida

Aqui fica a Sephora 
O edifício da Massimo Dutti, antigamente funcionava aqui o principal posto de Correios da cidade. 
Quanto a superfícies comerciais, as mais conhecidas são o Bragashopping onde encontram algumas lojas como a Prof, a Parfois, entre outras; e o Bragaparque onde encontram a Zara, H&M, Massimo Dutti, Berska, Primark, Gato Preto, Zara Home, Catherine Lansfield, Husel, a Casa Batalha e muitas outras... 

Se pretendem levar para casa o melhor do nosso país, ou os sabonetes que se faziam na fábrica Confiança, cá em Braga, visitem o Mercado da Saudade. Fica mesmo próximo da Sé de Braga e reúne o que de melhor há, na gastronomia e artesanato, pelo nosso país. 

Imagens soltas

@Alexandre Ribeiro

Igreja Santa Cruz. Aqui encontramos muitos turistas de cabeça erguida à procura dos famosos galos da fachada da igreja. Há galos por aqui, por isso é bom que os encontrem!
Capela e Casa dos Coimbras com as suas belíssimas cores de outono.
Braga não tem aeroporto, não tem metro, não tem o frenesim de Lisboa ou Porto, mas tem tudo aquilo que precisamos para viver bem, tem qualidade de vida, tranquilidade, simpatia e uma boa gastronomia. Apesar da elevada taxa de desemprego da cidade, as pessoas tentam, na medida do possível, continuar a viver felizes as suas vidas. 

A partir de Braga facilmente chegam à zona mais mágica de todo o país, o parque natural de Peneda-Gerês. 

Em suma, Braga é uma cidade de tradições, de acolhimento e de juventude. Sou uma bracarense que gosta muito de cá viver J


Já sabem que não resisto a um pôr do sol. Este foi vislumbrado desde o Bom Jesus

Um grande beijinho
Pipinha***

P.S. - Se precisarem de mais alguma informação sobre a cidade, escrevam-nos um mail. Fiquem à vontade, pois por cá adoramos receber as vossas questões e comentários. 

Créditos fotográficos: Sweet by Pipinha; Alexandre Ribeiro (aqui); outras fontes da internet, mencionadas na própria imagem. 

5 comentários:

  1. Adorei Pipinha!! Parabéns pelo excelente report! conseguiste abranger todos os pontos principais da cidade!é um excelente guião para quem quer conhecer a nossa linda cidade! digo "nossa" apesar de eu nao ter nascido em Braga, mas já vivo nos arredores de Braga há 15 anos e confesso que vir viver para Braga é o meu sonho! é uma cidade com o tamanho perfeito, nao é demasiado "aldeia" pq consegue ter os comércios e serviços necessários nem demasiada "citadina" com todo o trânsito infernal associado às grandes cidades! Para mim está "no ponto"! Tb agradeço-te pq finalment eeprcebi por que razão se associava as portas abertas com o ser de Braga :D nunca é tarde para aprendermos ;) Bjinhos***

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    1. Obrigada minha querida! Gosto sempre muito dos teus comentários, já sabes! :) Penso que foi o post mais difícil de escrever até hoje, pois precisei de deixar a emotividade um pouco de lado, caso contrário tinha ficado com o triplo do tamanho! :) beijinhos****

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  2. Ola Filipa. Queria so deixar um reparo, o arco da porta nova nao e romano. Data do seculo 18 em estilo barroco. Existia ali uma porta desde o seculo 16.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Judith, agradeço o seu comentário. Atendendo ao mesmo já alteramos o lapso no post. Um beijinho***

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